No cenário contemporâneo, a aceleração dos processos diários demonstra um impacto considerável na saúde mental das pessoas. A incessante busca por respostas imediatas e a urgência implícita aos procedimentos moldaram uma sociedade caracterizada por uma mentalidade de urgência, que, por sua vez, dificulta a reflexão e a promoção do ócio criativo. O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, particularmente smartphones, tem contribuído para um pensamento acelerado, resultando em situações de estresse e sobrecarga de informações.
O psicólogo Rodrigo Oliveira, do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), em entrevista para o projeto “Mente Sã, Corpo São”, do Ministério da Educação do Brasil, destaca que o celular, inicialmente concebido como um simples telefone móvel, evoluiu para uma extensão da consciência, interferindo na percepção individual do mundo contemporâneo.
O aumento do uso de telas e o pensamento acelerado têm gerado crescentes preocupações relacionadas à saúde mental. O excesso de informações, o estresse e a propagação de notícias falsas contribuem para um cenário alarmante. Em tempos recentes, o isolamento social tem sido associado a casos extremos, inclusive suicídios. O psicólogo destaca a importância de cultivar a consciência desses processos, sugerindo a reserva de momentos para atividades analógicas, como caminhadas ao ar livre, leitura de livros impressos, dança, meditação e conversas significativas com amigos, como formas de aliviar essa carga e reintroduzir um ritmo mais saudável à vida.
Saúde Mental no Pós-Pandemia: Reflexões e Desafios
Também em participação no projeto “Mente Sã, Corpo São”, o psicólogo Frederico Gomes e Silva Moreira, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), ressalta as sérias sequelas da pandemia de covid-19 na saúde mental. O isolamento, a falta de vínculos sociais e a incerteza sobre o futuro desencadearam uma crise global, manifestada em um aumento de patologias relacionadas à ansiedade generalizada, estresse pós-traumático e comportamentos de irritação e medo intensificados.
Moreira alerta para dois movimentos distintos desencadeados pela pandemia: inicialmente, observou-se comportamentos coletivos e sentimentos de solidariedade; no entanto, ao seu término, houve uma transição para condutas mais individualistas, acompanhadas da sensação de “tempo perdido”. Ele destaca a consciência despertada para a necessidade do autocuidado e medidas de segurança coletivas, evidenciada pela proliferação de conteúdos sobre cuidados com a saúde mental e física.
Como resultado positivo dessa nova realidade, observa-se um aumento na procura por ajuda profissional para promover a saúde. Exemplos incluem a crescente busca por terapias psicológicas, práticas integrativas e, considerando a conexão entre mente e corpo, o aumento na procura por atividades ao ar livre, como beach tênis, canoagem, corrida e ciclismo em grupos. Profissionais em diversas áreas, como medicina, fisioterapia, psicologia, nutrição e educação física, têm se aprimorado para atender às novas demandas. Diante desse contexto, é fundamental que cada indivíduo reflita sobre seus hábitos e busque melhorias para promover seu bem-estar mental e físico.
