NotíciasPortugal apresenta uma das mais altas taxas de transtornos mentais na UE

Portugal apresenta uma das mais altas taxas de transtornos mentais na UE

A incidência de transtornos mentais em Portugal apresenta-se entre as mais altas da União Europeia (UE), conforme aponta o Perfil de Saúde do país. Publicados bienalmente como resultado da colaboração entre a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde, esses perfis incluem, pela primeira vez em 2023, uma seção dedicada à saúde mental.

De acordo com dados do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, o estudo divulgado pela OCDE revela que aproximadamente 22% da população portuguesa, equivalente a 2,25 milhões de indivíduos, enfrentaram transtornos mentais em 2019, superando a média da UE de 16,7%. Os transtornos de ansiedade lideraram, afetando cerca de 9% da população, seguidos por transtornos depressivos (6%) e aqueles relacionados ao consumo de álcool e drogas (4%).

No que diz respeito à depressão, observa-se que as mulheres portuguesas apresentam taxas mais elevadas do que os homens, destacando-se como a maior disparidade de gênero na prevalência da depressão em toda a União Europeia, com 2,2 mulheres para cada homem, enquanto a média do bloco é de 1,6 mulheres para cada homem. Em contraste, os homens têm uma probabilidade quase quatro vezes maior de cometer suicídio, embora, atualmente, a taxa de suicídio em Portugal seja inferior à média da UE, com uma redução de mais de 10% na última década.

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Apesar dessa diminuição, o suicídio continua sendo uma preocupação de saúde pública no país, especialmente nas regiões do sul, representando 0,76% de todas as mortes em 2020. A pesquisa destaca que os problemas de saúde mental são fatores de risco significativos nesse cenário.

O perfil de Portugal também revela que os serviços especializados para o tratamento de transtornos mentais enfrentam desafios devido à escassez de pessoal e à falta de critérios de referência padronizados, resultando em longas listas de espera. O Programa Nacional para a Saúde Mental é apontado como uma iniciativa que busca melhorar a disponibilidade desses serviços e reduzir as disparidades regionais nos próximos anos.

Além disso, o Perfil de Saúde de Portugal destaca que, em 2022, a esperança de vida à nascença ultrapassou a média da UE em um ano, refletindo avanços significativos nas décadas anteriores à pandemia de COVID-19.

No que se refere aos hábitos de saúde, o estudo aponta para uma diminuição na taxa de tabagismo nos últimos anos, ao passo que o consumo excessivo de álcool tornou-se mais prevalente. A obesidade também é uma preocupação crescente, afetando mais de 17% dos adultos, enquanto a taxa de atividade física regular tanto em adultos, quanto em adolescentes é uma das mais baixas da UE.

Quanto ao sistema de saúde, o estudo revela que, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta desafios na contratação de médicos e enfermeiros, afetando a atratividade do trabalho no setor público, devido aos relativamente baixos salários e às condições de trabalho estressantes, resultando em uma diminuição da cobertura do SNS, com variações no acesso aos cuidados entre serviços e regiões.

Em relação às despesas de saúde, Portugal destinou 11,1% do PIB a esse fim em 2021, alinhando-se com a média da UE, mas ficando mais de um terço abaixo da média do bloco em termos per capita. O estudo indica um aumento de 14% nos gastos com saúde entre 2019 e 2021, impulsionado por um aumento de 18,5% na despesa pública para enfrentar a COVID-19 e minimizar atrasos no atendimento. Apesar desse aumento, as despesas privadas com saúde, a cargo dos usuários (incluindo seguros e associações mutualistas), representaram mais de um terço do total dos gastos, quase o dobro da média da UE.

Finalmente, destaca-se que Portugal está adotando medidas para expandir a rede de cuidados de saúde primários, abordar atrasos no rastreio do câncer e nas cirurgias, e melhorar a eficiência e integração dos serviços de saúde em todos os níveis.

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Redação TVPsi
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