Um executivo de 43 anos chegou ao consultório reclamando de cansaço constante, falta de vontade fazer as coisas e uma tristeza que muitas vezes o fazia chorar. Além disso, registrou: “Num momento até fico tranquilo, mas em seguida fico angustiado. Tenho dormido muito mal. Está tudo sem graça. Parece que apagaram as luzes e ficou tudo escuro. Não tem jeito. Eu nunca mais vou melhorar”. Ele estava fortemente deprimido e não sabia. Seus sintomas haviam aparecido há cerca de três meses, logo após ser destituído de um cargo de chefia no seu trabalho.
Para muitos, estar deprimido é sentir-se apático, triste ou cansado. Mas a depressão é bem mais do que isso, e não é uma tarefa fácil diagnosticá-la. Ela tanto pode apresentar-se com sinais claros e definidos como disfarçada em sintomas de baixa intensidade e de frequência irregular.
A depressão leva a um sofrimento moral significativo. Esse sofrimento decorre de sentimentos de baixa autoestima e autodepreciação em todos os sentidos. Ela leva o indivíduo a uma perda progressiva do prazer, até chegar à anedonia, e causa a apatia e o desinteresse pelas coisas em geral.
Para o deprimido, o próprio sofrimento torna-se o único interesse de vida, e ele deixa de fazer as coisas por não se importar mais com elas.
Nesse quadro, já com grande dificuldade para resolver as questões do cotidiano e para enfrentar os seus problemas físicos e emocionais, o indivíduo, muitas vezes, desenvolve ideias suicidas. O que ocorre aí não é uma apreciação mórbida da morte, mas a sensação de não ser capaz de suportar tanta dor.
A depressão é insidiosa. Pode começar de forma branda e avolumar-se. É preciso observar bem os sintomas, pois quanto mais cedo houver uma intervenção, maiores as possibilidades de superação do quadro depressivo.
Fique atento aos seguintes sintomas:
- humor deprimido (irritável, em crianças e adolescentes);
- interesse ou prazer acentuadamente diminuídos nas atividades comuns;
- perda ou ganho significativo de peso, ou diminuição ou aumento do apetite;
- insônia ou hipersonia;
- agitação ou retardo psicomotor;
- fadiga ou perda de energia;
- sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada;
- capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão;
- pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente, tentativa de suicídio.
Se você perceber que vem sentindo um conjunto de pelo menos cinco dos sintomas listados, quase todos os dias, e eles estejam causando sofrimento, prejudicando seus relacionamentos ou o seu desempenho profissional, busque ajuda. Fale disso com alguém da sua família, com um amigo ou um conselheiro. De preferência, procure um psicólogo ou um médico de sua confiança, para receber a orientação necessária para o tratamento.