ArtigosMeditação mindfulness: será que isso é para mim??

Meditação mindfulness: será que isso é para mim??

Seria interessante que iniciássemos pela desconstrução do que vem a ser meditação. Há uma tendência a se pensar que o meditante é aquele que está sentado na posição de lótus e vive no alto da montanha e que até usa hábitos ou roupas diferentes. Há quem pense que meditação “não é para mim…”. Talvez seja este um primeiro sinal de que é.

A meditação acontece pela motivação, atenção e concentração ou foco. A sustentação do foco ocorre por meio da intenção em manter a prática e não em algum objeto ou objetivo, desde que a mente fique envolvida intencionalmente com algo. Para além de uma postura corporal, a meditação mindfulness é uma postura mental; treino do refinamento da sustentação da atenção. 

Inicialmente, poderá achar que as práticas são muito monitoradas. Mas isto serve, particularmente, para gerar um hábito mental de levar a mente a observar o próprio comportamento, construindo foco e ampliando a consciência. Como se fosse possível que sístole e diástole (como o pulsar do coração) acontecessem simultaneamente, a atenção plena capta tanto a minudência quanto o amplo. 

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Cientistas sustentam que a prática de mindfulness desenvolve a visão interior e promove insights (lampejos de consciência), inspiração e criatividade. 

Para que servem os insights? 

Para desenvolver o discernimento, recurso fundamental na tomada de decisão, no rebaixamento de críticas, na redução de preconceitos e no desenvolvimento de uma mente curiosa, ou seja, aberta. 

Quanto menor o preconceito e a rigidez, maior o nível de aceitação e abertura; maior, portanto, a adaptabilidade. Segundo Darwin, não são os mais espertos e nem os mais inteligentes que sobrevivem, mas sim, os que mais se adaptam às diversas situações. 

Por que meditante no lugar de meditador? 

O meditador é aquele que se senta para meditar; já o meditante está sempre em prática… é preciso ser meditador para ser um meditante.  

O que é mindfulness e o que significa?  

Mindfulness. Termo do idioma inglês, traduzido do termo Sathi, do antigo e extinto idioma Pali, falado nas imediações do Nepal e norte da Índia, no período de Buda (o príncipe Siddhartha Gautama), empregado por Jon Kabat Zinn, ao desenvolver um protocolo cientificamente experimentado. Para o idioma português, a tradução de Sathi ou Mindfulness, por aproximação, é “atenção plena”, “recordar”, “metacognição – sei que sei”, “o caminho do coração presente”: contexto representado por este ideograma:

Mindfulness compõe-se de um conjunto de técnicas que levam ao “estado de presença”.

Há um protocolo muito característico que se fundamenta no desenvolvimento de práticas formais e exercícios do dia a dia que nos levam a alcançar este “estado de presença” espontaneamente.

Mas… é fácil ou é difícil? 

Nem um, nem outro.  Apenas depende da construção de novos hábitos. Utiliza a respiração como maior recurso. Como não há como vivermos sem respirar, então, pode ser razoável construir novos hábitos que contribuam para a saúde, com o uso da respiração aliado às práticas.

Para que serve? 

Mindfulness vem sendo empregado em prol da saúde e do desfrute de maior bem-estar e qualidade de vida.

Atualmente, passou a ser uma das práticas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde – OMS, como política de estado a ser implementada no âmbito da saúde, educação, no meio corporativo, entre outros segmentos.   Assim, a Escola de Mindfulness O caminho do coração presente — do Instituto Psiconsciência, Pesquisa, Serviços e Neuropsicologia Aplicada — vem promovendo cursos que levam esta prática para a vida dos participantes, para que eles possam aplicá-las, tanto em nível pessoal como profissional.

Para quem é indicado o mindfulness

Praticamente para quase todas as pessoas, da criança até ao que tem mais idade (*).  É indicado para todos aqueles que:

  • Querem reduzir o stress, a compulsão;
  • Gostariam de aprender a meditar;
  • Estão em processo de autoconhecimento;
  • Apresentam queixas de ansiedade, depressão, angústia e/ou desespero;
  • Precisam aprender a lidar com dores crônicas;
  • Querem melhorar sua memória, poder de concentração, criatividade e autoestima;
  • Visam tratar seus problemas de sono, cansaço, fadiga, desânimo e apatia.

(*) Recomendando-se certa precaução, em casos de esquizofrenia e momentos de crise de depressão severa.

Quais as 9 atitudes fundamentais para a prática de mindfulness?

1 – Não julgar, parte da experiência, dia após dia, dentro da prática. É o estado de envolver-se, o menos possível, com opiniões, desejos, expectativas, julgamentos e classificações das experiências.

2 – Paciência, grau de compreensão que respeita o ritmo próprio dos acontecimentos e das pessoas. Ninguém faz a borboleta voar antes do seu tempo! Com mindfulness, praticamos esta atitude, tanto com a mente, quanto com o corpo.

3 – Mente do principiante, cada momento é único. Este olhar desperta e desenvolve a capacidade de apreciar a vida, momento a momento, liberando a mente das crenças com base no que já sabemos e no que já vivemos. Promove uma mente aberta.

4 – Confiança, a partir da prática, a integridade e inteireza, em nível físico, psíquico e emocional, facilitam e estimulam o desenvolvimento da confiança em si mesmo(a) e em seus sentimentos, proporcionando maior abertura para a intuição. Estes fatores são primordiais para seguir o caminho do coração presente.

5 – Não lutar, diminuir a imposição de estabelecer objetivos e metas. No âmbito da prática meditativa, há uma espécie de “não fazer”, ou deixar fluir; diminuir as expectativas inerentes à filosofia de resultados e aprender a se relacionar com a realidade, com tendência a aceitar mais as coisas como elas são.

6 – Aceitação, ver as coisas como elas são, no momento que ocorrem, pois passamos boa parte de nosso tempo negando a nossa realidade.

7 – Soltar, entregar-se à experiência sem se prender, aceitando e deixando fluir, como testemunha que aprecia, da mesma forma quando dormimos e sonhamos. 

8 – Gratidão, ato de sentir gratificado pela vida.

9 – Generosidade, capacidade de doar-se sem com isso sentir carência ou falta de algo, antes pelo contrário, há a sensação de plenitude!

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Do que mais eu preciso?

São importantes também outros aspectos da atitude:

Vontade – propósito. Força interna, capaz de fazer da vontade uma ação. 

Intenção – determinação de agir, força que move a ação. 

Motivação – força motriz da intenção; ímpeto que dá propósito ou direção ao comportamento. Opera em nível consciente e inconsciente. Pode ser de cunho primário (fisiológico) ou secundário (social), como afiliação, competição, interesse e metas individuais. Há que se considerar as forças motivadoras internas e fatores externos, como recompensa ou punição, que podem encorajar ou desencorajar certos comportamentos. 

Motivação intrínseca – um interesse genuíno desvinculado dos benefícios externos que eventualmente podem ser obtidos, incentivo para o envolvimento em uma atividade específica derivada da própria atividade. 

Motivação extrínseca – motivo externo para envolver-se em uma atividade específica, principalmente a motivação decorrente da expectativa de punição ou recompensa. 

Motivação para realização – desejo de superar obstáculos e vencer desafios.

Motivação de ser – metamotivação: motivação que opera na linha da transcendência, autorrealização.

Quando a intenção é a mesma da motivação – a prática flui.

Boa prática!

* Trechos extraídos da introdução do “Diário de Bordo do Meditante” © 2021-2022 Instituto Psiconsciência / Escola de Mindfulness O caminho do coração presente.

Autor

Paula Portocarrero
Paula Portocarrero
Presidente da TV PSI Também presidente do Instituto Psiconsciência. Inscrita na Ordem do Psicólogos Portugueses (32734) e no Conselho Regional de Psicologia (4799/1) Brasil. Mestre em Psicologia Social, Neuropsicóloga – pesquisa os efeitos da meditação mindfulness na consciência. Certificada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional - IFP sob o n.º F697250/2020. Especializada em Psicologia Junguiana, Ontopsicologia e Psicologia Budista Tibetana, com mais 30 anos de experiência clínica, em 22 dos quais inclui a meditação na praxis terapêutica.

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