O mais recente Relatório Mundial da Felicidade, divulgado nesta quarta-feira (20), traz à tona uma preocupante tendência de declínio no bem-estar entre as gerações mais jovens, descrevendo-a como uma espécie de “crise de meia-idade precoce”.
Destacando os Estados Unidos da América e a Europa Ocidental como líderes nessa tendência de infelicidade, o relatório aponta diversos motivos para esse declínio, com especial ênfase para o impacto das redes sociais, conforme indicado pelo porta-voz em saúde pública dos EUA, Vivek Murthy.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Murthy salientou que os jovens passam em média cinco horas diárias em aplicativos e que um terço dos adolescentes permanece acordado até tarde durante a semana devido ao uso de seus dispositivos móveis. Nesse sentido, ele enfatizou a necessidade de regulamentar o acesso dos adolescentes às redes sociais como uma medida para reduzir os riscos associados a esse comportamento.
Jan-Emmanuel De Neve, editor do estudo global, exigiu uma “ação política imediata” diante do preocupante declínio na felicidade dos jovens. Ele destacou que esse acentuado decréscimo no bem-estar juvenil contradiz a noção estabelecida de que as crianças geralmente começam suas vidas mais felizes antes de uma eventual queda.
O relatório, divulgado no Dia Internacional da Felicidade, avalia os índices de bem-estar em 140 países, destacando a Finlândia como líder, enquanto Portugal ocupa a 55ª posição geral e a 46ª posição entre os jovens. À frente de Portugal estão o Vietnã, Filipinas e Coreia do Sul, enquanto Hungria, Paraguai e Tailândia estão logo atrás. Os países com os piores índices de felicidade geral são o Líbano e o Afeganistão.
Embora as estatísticas não forneçam uma explicação completa para as causas desse declínio, os números observados nos países mais desenvolvidos são contextualizados pela pandemia global, conflitos internacionais e crises climáticas.
Analisando os dados entre 2006 e 2022, as regiões com as piores tendências de declínio de felicidade incluem o Oriente Médio, Norte da África, Sul da Ásia, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Europa Ocidental.
Por outro lado, países da África Subsaariana, América Latina, Sudeste Asiático, Europa Central e Oriental apresentam as melhores tendências de crescimento do bem-estar entre os jovens, com os países do leste e centro europeus liderando o ranking global de satisfação das pessoas na faixa dos 15 anos.
O relatório ressalta que a felicidade na infância e adolescência é um indicador crucial para a satisfação na vida adulta, estando relacionada a maiores rendimentos, inteligência, saúde e autoestima.
Medindo o bem-estar subjetivo através da autoavaliação dos participantes, o relatório destaca a Finlândia como líder pelo sétimo ano consecutivo, seguida por Dinamarca e Islândia. No entanto, o primeiro lugar entre os jovens é ocupado pela Lituânia.
O relatório enfatiza a importância dos anos de infância e adolescência, descrevendo-os como uma “janela de oportunidade única” para intervenções que gerem impactos positivos na sociedade.