De repente, acordo. Abro os olhos e fito o que consigo ver do teto do meu quarto. Está escuro, mas, mesmo na penumbra, percebo que tudo é familiar. Sei onde estou, mas não consigo definir como estou. Uma vaga inquietude começa a me envolver, um desconforto assoma do meu corpo. Uma sensação indefinível constrange minha garganta, levemente. Em pouco, sinto as mãos frias e úmidas. Os pés também estão frios, contudo, um calor toma conta do meu rosto e uma fina camada de suor se espalha pela minha testa.
Há algo perigoso acontecendo, imagino. Um ataque cardíaco, a manifestação de um câncer oculto, um acidente vascular cerebral em andamento? Há alguém na casa? Um ladrão? Um fantasma?
Enquanto minha mente racional responde negativamente a essas questões, minhas emoções se atropelam e me confundem. Está se repetindo, penso. De novo, um “ataque” de ansiedade. Não é hora de perguntar a razão dele, até porque não consigo organizar bem os meus pensamentos. Quase instintiva, minha mão alcança o ansiolítico estrategicamente colocado à cabeceira da cama. Sei que é tomá-lo e, em minutos, estarei bem. Bendito remédio!
Situações como essa ocorrem aos milhões todas as noites, ao redor do mundo todo. Uma quantidade espantosa de pessoas são acometidas de estados ansiosos nas noites, quando deveriam estar refazendo suas energias para as tarefas do dia seguinte, quando as ocupações cotidianas de certo modo encobrem alguns dos sintomas mais evidentes sem, no entanto, eliminarem o desconforto da luta que o ansioso trava no seu íntimo.
Dia após dia, a batalha se renova e lança seus tentáculos, oprimindo o bem-estar. Essa situação é naturalmente um conflito que se estabelece com o que nós temos de mais básico: uma estrutura psíquica arquitetada e solidificada, ao longo dos milênios, para a busca e manutenção da sobrevivência e do bem-estar.
A evolução, que deveria nos organizar para ficarmos cada vez melhores (na modernidade, “citius, altius, fortius”), retirou o tigre que nos ameaçava à época em que vivíamos em cavernas e colocou no seu lugar um fantasma pavoroso, sem forma e sem nome, que diuturnamente nos intimida e consome nossa melhor disposição e até nossa alegria de viver.
As psicoterapias, entretanto, ao longo do último século, vêm paulatinamente desenvolvendo uma melhor compreensão desse e de outros processos psíquicos mórbidos e organizando abordagens e técnicas efetivamente capazes de alterá-los e minimizá-los, colocando-os em condição, tamanho e volume adequados às necessidades humanas. Hoje elas se valem especialmente da neurociência, como coadjuvante fundamental. Principalmente em razão do desenvolvimento dessas, pode-se comprovar cientificamente o que de modo empírico se constata nos consultórios.
Nas últimas décadas, observou-se o aparecimento de significativas abordagens psicoterápicas breves, que tratam transtornos diversos, como a ansiedade, trabalhando emoções e sentimentos envolvidos nos mais diversos tipos de crenças limitantes. Dessa práxis resulta melhor discernimento sobre o processo e a aquisição de recursos internos capazes de substituir definitivamente o remédio ao alcance da mão por uma sensação de bem-estar e pela consciência de se ter aperfeiçoado um controle saudável sobre as condições emocionais.
Dentre estas abordagens, destacam-se terapias e técnicas como o EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing ou Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares), o TFT (Thought Field Therapy ou Terapia do Campo do Pensamento) e o EFT (Emotional Freedom Techniques ou Técnicas de Libertação Emocional, também chamada de “Acupuntura Psicológica” e Tapping). Todas elas podem trazer resultados de forma muito rápida, o que, muitas vezes, deixa as pessoas incrédulas e tendentes a atribuírem a outros fatores a melhora significava que experimentam quando a elas se submetem, dentro de um processo terapêutico estruturado adequadamente.
O profissional de saúde mental tem, hoje, um conjunto novo de possibilidades para lidar com as questões emocionais de seus clientes, os quais se deparam com alternativas diversas capazes de minimizarem e mesmo eliminarem seus sofrimentos emocionais.
Se situações de ansiedade e depressão nos angustiam, se o medo nos paralisa, se a indecisão nos conturba, se a obsessividade nos desassossega, se a doença física nos abala ou se simplesmente não entendemos nada do que está acontecendo conosco, busquemos os recursos terapêuticos existentes. A vida pode ser melhor.
Lembremos La Rochefoucauld ensinando que “o primeiro dos bens, depois da saúde, é a paz interior”. Mas não se conquista o primeiro sem que se desenvolva o segundo. E as psicoterapias estão aí, para nos ajudarem nesta tarefa inevitável de crescimento pessoal e bem viver.