NotíciasAvanço científico promete novas perspectivas para o tratamento da anorexia nervosa

Avanço científico promete novas perspectivas para o tratamento da anorexia nervosa

Um recente estudo internacional, conduzido por cientistas da Universidade Sorbonne, do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica da França (Inserm), do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) também da França e da Universidade McGill, em Montreal, Canadá, identificou uma disfunção neurobiológica que pode ser crucial para entender a anorexia em roedores.

Esta inovadora descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos eficazes para essa doença psiquiátrica que afeta milhões de pessoas e possui uma alta taxa de mortalidade. As descobertas iniciais em animais estão sendo confirmadas em humanos, com mais de dez pacientes respondendo positivamente ao tratamento. O estudo foi publicado na renomada revista Nature Communications.

Veja os detalhes em https://www.nature.com/articles/s41467-024-49371-1

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Apesar da alta taxa de mortalidade associada à anorexia nervosa, suas bases neurobiológicas ainda são pouco conhecidas, o que dificulta a criação de tratamentos farmacológicos eficazes. Segundo o estudo, a anorexia pode ser desencadeada pela formação excessiva de hábitos, resultando em uma perda de controle que leva à interrupção da alimentação. A formação de hábitos é regulada pelo estriado dorsal, ou neoestriado, um núcleo complexo localizado profundamente nas estruturas subcorticais do prosencéfalo, dentro do lobo insular.

A pesquisa foi realizada no laboratório de Neurociências Paris Seine (Sorbonne Université/Inserm/CNRS), sob a coordenação da professora Stéphanie Daumas e do pesquisador Nicolas Pietrancosta, em colaboração com Salah El Mestikawy da Universidade McGill.

Utilizando um modelo genético de rato com uma mutação identificada em pacientes humanos com distúrbios psiquiátricos graves, os pesquisadores buscaram entender os mecanismos neurobiológicos subjacentes à anorexia.

Os pesquisadores descobriram uma deficiência de acetilcolina, um neurotransmissor, no estriado dorsal de camundongos com a mutação. Esses camundongos também mostraram uma tendência excessiva à formação de hábitos, resultando em uma drástica redução no consumo de alimentos, um comportamento observado no modelo de “anorexia baseada em atividade” (ABA) em roedores. Os ratos foram tratados com donepezil (Aricept), um estimulador de acetilcolina conhecido. O tratamento impediu o desenvolvimento de comportamentos semelhantes à anorexia no modelo ABA.

Em resumo, o estudo confirma a importância dos hábitos na anorexia nervosa e destaca um mecanismo neurobiológico, além de sugerir um potencial tratamento com donepezil.

Para validar esses resultados em humanos, um estudo independente está em andamento para avaliar a eficácia do donepezil na anorexia nervosa. A Dra. Leora Pinhas, psiquiatra em Toronto, tratou dez pacientes com anorexia nervosa grave utilizando donepezil. Três pacientes apresentaram remissão completa, enquanto os outros sete mostraram melhorias significativas. Ensaios clínicos controlados por placebo estão programados para 2024 no hospital Sainte-Anne em Paris, na Universidade de Denver e na Universidade de Columbia em Nova York.

Esta investigação pioneira não só proporciona uma melhor compreensão dos mecanismos neurais que podem levar à anorexia nervosa, mas também pode abrir caminho para tratamentos inovadores para outras patologias compulsivas, como dependência e transtornos obsessivo-compulsivos.

Segundo os pesquisadores, espera-se que num futuro próximo a descoberta possa levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para outras doenças psiquiátricas graves.

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Redação TVPsi
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