Recentes dados divulgados pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia revelam que os padrões de sono dos portugueses estão longe do ideal. Não apenas um número significativo de pessoas enfrenta dificuldades para adormecer ou dorme menos do que o recomendado, mas também há uma correlação entre a qualidade do sono e os hábitos alimentares. Essa interligação entre alimentação e sono é comprovada por pesquisas conduzidas por Erica Jansens, da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, que demonstram uma relação direta entre a dieta e a qualidade do sono.
Os dados alarmantes apontam que 46% dos portugueses com 25 anos ou mais dormem menos de seis horas por noite, enquanto 21% relatam dificuldades para adormecer, levando mais de 30 minutos para conseguir dormir. Os efeitos desse sono insuficiente ou de má qualidade não se limitam apenas à noite, afetando o desempenho diurno com perdas de memória e falta de concentração.
A pesquisa realizada em 2023 pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia também destaca que um terço da população considera ter um sono ruim, enquanto 40% enfrentam dificuldades para permanecer acordados durante suas atividades diárias.
Erica Jansens destaca em suas investigações que a relação entre alimentação e sono é cíclica: uma dieta saudável promove um sono de qualidade, o qual, por sua vez, reforça bons hábitos alimentares. Um estudo mencionado pela pesquisadora mostrou que um aumento no consumo de frutas e vegetais ao longo de três meses resultou em melhor qualidade de sono e redução da insônia entre jovens adultos.
Além disso, certas dietas, como a mediterrânea e a anti-inflamatória, foram identificadas como benéficas para promover um sono reparador. Essas dietas enfatizam alimentos vegetais, azeite e redução de carne vermelha e açúcar, o que, segundo estudos, está correlacionado com padrões de sono mais saudáveis.
A conexão entre alimentação e sono também se estende a alimentos e nutrientes específicos. Por exemplo, alimentos ricos em melatonina, como peixes gordos e certas frutas, podem promover um sono melhor. Da mesma forma, a ingestão de alimentos ricos em fibras, como feijão e aveia, e nutrientes como magnésio, vitamina B, ferro e ômega-3 também está associada a uma melhor qualidade do sono.
Por outro lado, há alimentos que devem ser evitados ou consumidos com moderação para garantir uma boa noite de sono. Gorduras saturadas, carboidratos refinados, álcool e cafeína são alguns exemplos. Embora o álcool possa inicialmente facilitar o sono, seu consumo excessivo pode perturbar os padrões de sono e resultar em despertares noturnos.
Em resumo, não há um alimento específico que garanta uma boa noite de sono, mas sim padrões alimentares saudáveis ao longo do dia. Além disso, é crucial adotar boas práticas de higiene do sono, como desconectar-se de dispositivos eletrônicos, reduzir a exposição à luz e criar um ambiente propício e relaxante antes de dormir. Essas medidas, combinadas com uma dieta equilibrada, podem contribuir significativamente para melhorar a qualidade do sono e, consequentemente, a qualidade de vida.