Metade dos adolescentes não reconhece o controle sobre o parceiro como uma forma de violência, e aproximadamente um terço acredita que é aceitável verificar o telefone celular ou acessar as redes sociais do parceiro sem permissão, além de insultá-lo durante uma discussão. Estes são alguns dos resultados alarmantes de um inquérito anual conduzido pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que envolveu 5916 adolescentes, predominantemente do 7º ao 12º ano de escolaridade.
Os rapazes demonstraram ter níveis mais elevados de aceitação para todas as formas de violência em comparação com as pessoas que se identificam com outras identidades de gênero. Por exemplo, pressionar o parceiro a dar um beijo na frente dos amigos foi considerado legítimo por 40,9% dos rapazes e por 21,4% das raparigas, conforme revelado pelo estudo, que teve como participantes adolescentes com uma média de 15 anos.
A violência psicológica foi relatada como parte dos primeiros relacionamentos por 45,1% dos jovens que já estiveram envolvidos em relações íntimas, enquanto 14,9% dos adolescentes foram vítimas de violência sexual.
O estudo evidencia que a violência física é mais facilmente reconhecida como uma forma de abuso do que a violência psicológica, a violência através das redes sociais ou a violência sexual.
“Os indicadores de vitimação, de uma maneira geral, apresentam números preocupantes entre os jovens, especialmente em relação aos comportamentos de violência psicológica e de controle”, resume o estudo. Os dados são particularmente alarmantes entre pessoas com identidades de gênero não normativas, destacando a necessidade de uma reflexão profunda sobre as experiências de violência enfrentadas por esses grupos sociais.
As denúncias de violência no namoro registradas pela Polícia de Segurança Pública (PSP) aumentaram 10% em cinco anos. Entre 2018 e 2022, a PSP recebeu 10.480 denúncias por violência no namoro, com a maioria das vítimas sendo mulheres, revelam dados da força policial.
No ano passado, a PSP registou 2109 denúncias. Em 2018, foram registradas 1920 denúncias, aumentando para 2185 no ano seguinte, diminuindo para 2051 em 2020 e voltando a subir para 2215 em 2021.
Atualmente, a PSP está conduzindo uma operação de sensibilização e informação nas escolas sobre a prevenção da violência doméstica, com foco na violência no namoro.
A UMAR, que suspendeu o Estudo Nacional sobre Violência no Namoro durante os dois anos de pandemia de covid-19, destaca que há um longo caminho a percorrer na prevenção da violência íntima ao longo da vida.
A organização ressalta a necessidade de estudos qualitativos que permitam uma melhor compreensão das percepções dos jovens, investigando se eles legitimam os comportamentos violentos ou se os consideram normais.
