ArtigosCura de Alzheimer, uma possibilidade

Cura de Alzheimer, uma possibilidade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 55 milhões de pessoas sofrem de demência, doença causada por várias enfermidades e fatores que, direta ou indiretamente, afetam o cérebro. Segundo a OMS, Alzheimer é a forma mais comum de demência, correspondendo de 60 a 70 por cento dos casos. Nos Estados Unidos, estima-se que pelo menos 45 milhões de pessoas terão alguma forma de demência.

Ainda que Alzheimer seja considerada uma doença incurável por vários  professionais de saúde, psicoterapeutas, e pelo público leigo em geral, agora podemos vislumbrar o  tratamento, de acordo com o Professor Dale Bredesen, médico norte-americano especializado em doenças neurodegenerativas e autor do livro recentemente publicado  “ The First Survivors of Alzheimer’s, How Patients Recovered Life and Hope in Their Own Words” (Primeiros Sobreviventes de Alzheimer: em suas Próprias Palavras, Como Pacientes Recuperaram a Vida e a Esperança), uma coletânea de testemunhos de pessoas previamente diagnosticadas com Alzheimer, que  experimentaram melhoras extraordinárias.

Fundador do Buck Institute for Researching on Aging (Instituto Buck de Pesquisa em Envelhecimento), em Novato, Califórnia, o Professor Bredesen por mais de 30 anos estuda as relações entre a velhice, suas doenças degenerativas e possíveis tratamentos. No livro, ele argumenta que, fundamentalmente, o “corpo e alma” de Alzheimer é a insuficiência crônica da rede da neuroplasticidade, uma rede cerebral maleável   às mudanças na capacidade do cérebro de aprender e memorizar, através de monitoramento adequado.   

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Reportando haverem recuperado faculdades mentais e físicas, pacientes do Professor Bredesen descrevem mudanças introduzidas em suas maneiras de viver, apoiados por médicos e outros professionais de saúde e coaches, além de meditações, exercícios e mudanças totais de alimentação.  O Professor Bredesen tem publicado extensivamente sobre o declínio da capacidade cognitiva desde 2014, incluindo “O fim do Alzheimer – guia prático:  o passoapasso para estimular a cognição e reverter seu declínio” (2021). Ler os testemunhos de pacientes reconquistando   capacidades outrora consideradas extintas – tais como tocar piano, conduzir reuniões de equipe, gerenciar negócios, lidar com o entrosamento no ambiente familiar– é   leitura emocionante.   Em capítulo intitulado “A Revolução Não Será Televisada (ou Reembolsada)” o Dr. Bredesen ressalta que, em medicina, existe um espaço crescente entre verdade e aceitação, em detrimento de nossa saúde em geral. Segundo ele, naquele espaço trafegam interesses financeiros, políticos, e outras influências opostas a métodos de tratamento não ortodoxos. Bredesen argumenta que se nos focássemos nos resultados obtidos pelos pacientes, em vez de ficarmos apegados a relatórios  de pesquisas ultrapassadas, lucros sobre remédios, ou preços de ações das empresas  de saúde,  mudanças monumentais  ocorreriam nos tratamentos de doenças crônicas agora temidas – reduzindo-as a casos raros, preveníeis e gerenciáveis; seja em doenças degenerativas, males inflamatórios e psiquiátricos, seja em doenças do sistema autoimune.

Alzheimer e Aids levaram-me alguns amigos, parceiros. Na velhice, admito que a demência cognitiva leve, ou outra de suas formas, poderá me bater às portas. No apogeu da doença de AIDS, em San Francisco, vi entes amados sucumbirem à doença. Hoje, 40 anos depois do aparecimento do HIV, profilaxias pós (PPE) e pré (PrEP) exposição ao vírus mantêm saudáveis sobreviventes e novos pacientes. Minha neuro-psicoterapeuta, uma admiradora dos protocolos Bredesen, apresentou-me o conceito da neuroplasticidade cerebral, incluindo mindfulness, com excelentes resultados.  Através do mindfulness, aprendi a visualizar a neuroplasticidade de meu cérebro como galhos frondosos d’uma árvore antiga cujo tronco abriga milhares de informacoes, algumas das quais dormentes, todavia accessíveis. Se eu alimentar o tronco constantemente, com bons pensamentos; sono e nutrição adequada; meditações; exercícios; escritas e leituras, minha velha árvore produzirá folhas novas, verdinhas e banhadas de sol.

Em meu cérebro, algumas células morrem, outras se regeneram.  Lá, num ponto qualquer do cérebro, a neuroplasticidade – representada pelos galhos frondosos e as folhas novas – abrem-se atalhos entre os conhecimentos antigos e outros que eu queira aprender. Sejam novas línguas, música, ou o que me nutra a mente e o espírito.  Assim como o tratamento do HIV hoje é reembolsável por companhias de seguro e sistemas de saúde nacionais, espero que o mesmo aconteça com os protocolos homologados pelo Professor Dale Bredesen, um herói da medicina.

Ref: Dale E. Bredesen, Md, “First Survivals of Azlheimer’s, How Patients Recovered Life an Hope in Their Own Words.” Avery, New York 2021.

“Bredesen Protocol, The Science of Reversing Cognitive Decline Through PreCODE and ReCODE,” Apollo Health,  California, 2021.

Autor

George Woyames, MSc (MSSW)
George Woyames, MSc (MSSW)
George Woyames é Jornalista, Educador e Assistente Social, com 51 anos de experiência em clínicas e hospitais. Graduado em Educação, pelo Boston State College, Massachusetts; Mestre em Estudos Ibero-americanos, pela New York University, NY, e em Serviço Social, pela na Universidade do Texas, em Arlington, E.U.A.

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