Mindfulness é um tema atual e ao mesmo tempo tradicional. Nasceu em berço budista, onde é continuamente praticado. No entanto, foi redescoberto e recortado pela Ciência par ser aplicado enquanto ferramenta de intervenção terapêutica. Passou a ser empregado em hospitais, como intervenção e estudo, por meio de investigações a partir das quais se desenvolveu o Programa de Redução de Estresse (MBSR) que se consolidou com a experiência do Centro de Redução do Estresse, fundado em 1979, por Jon Kabat-Zinn, no Preventive Department of Medicine – Massachusetts Medical School (departamento de medicina preventiva da Faculdade de Medicina de Massachusetts), no Estados Unidos da América.
Além das raízes, o mindfulness apoia-se nas teorias precursoras que cunharam o empirismo clássico da linha da psicologia comportamental, movimento caracterizado como o da Primeira Onda, desenvolvida por Pavlov, Wundt e Skinner, dentre outros. Surfa na Segunda Onda, que acontece na primeira metade do século XX; emerge sob um enfoque mais cognitivista, com a teoria da aprendizagem de Vygotsky, Piaget e Beck, sendo ainda influenciado pela corrente humanista-fenomenológica de Perls, Roger, May, Maslow.
O mindfulness vem como um dos precursores da Terceira Onda que surge na segunda metade do século XX, quando as terapias cognitivo-comportamentais são marcadas por métodos baseados em tradições contemplativas e meditativas que geraram diversos protocolos. Foram então criados manuais, estruturados a partir de intervenções baseadas em evidências, como o do Programa de Redução de Stress Baseado em Mindfulness (Kabat -Zinn, 1994).
A inovação dos tratamentos psicológicos, em especial dos conteúdos difíceis da psicopatologia, no escopo desta Terceira Onda, é demonstrada pelo modo no qual as pessoas se relacionam com o seu próprio corpo, seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. Isso se deu em especial pelo pioneirismo dos desenvolvedores de tratamentos baseados em mindfulness. Tal abordagem tem alterado de maneira fundamental o panorama teórico e prático dos tratamentos baseados em evidências ao redor do mundo (Hayes e Pistorello, 2015).
Já na década de 50, Beck e colaboradores muito contribuíram com abordagens psicoterápicas estruturadas, protocoladas e convalidadas, no âmbito do tratamento de transtornos de ansiedade e depressão, com um modelo terapêutico orientado para a o desenvolvimento de solução de problemas e reestruturação cognitiva. A partir dos anos 1090 houve a aproximação da terapia cognitivo-comportamental junto às neurociências.
Em 2014, foram levantados os seguintes resultados para aqueles que se submeteram ao Programa de Redução de Estresse: queda de 32% dos sintomas físicos e 29% dos sintomas de estresse perseverante; aumento de 26,5 % da atitude consciente; 26% das habilidades observáveis; 25% da aceitação; 22% do não julgamento e 13% da autoeficácia. Os dados de 2014 apontam para um número superior a 22.000 pessoas que se beneficiaram desse programa e aprenderam a usar seus recursos inatos, habilidade para responder mais efetivamente aos tratamentos de estresse, dor e doenças em geral.
Atualmente, no cenário da pandemia, o mindfulness vem sendo um dos recursos para intervenções em saúde mental mais utilizados em nível mundial.