O novo confinamento, aliado a alterações das rotinas e do estilo de vida, vai agravar e prolongar o sofrimento psicológico dos adultos, é o que preveem alguns especialistas, que defendem que é preciso “aceitar que não se está bem”.
O presidente do Conselho de Psicologia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos, Miguel Ricou, acredita que o “grande problema” não é voltar a casa para um novo confinamento, mas sim a alteração de rotinas que têm prevalecido nos últimos meses. Para Irene Carvalho, psicóloga e docente na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o “prolongamento” do confinamento, aliado à “incerteza do momento” são “causadores de ansiedade nas pessoas”. Em particular, naqueles que viram o rendimento reduzido ou que ficaram sem emprego. A psicóloga Inês Guimarães considera que, a par das perdas financeiras, a disrupção do dia-a-dia, a perda de liberdade, as perturbações de sono e o sedentarismo também podem ser “fatores de risco para um bem-estar emocional e para a doença mental”.
Para “mitigar os efeitos negativos”, Irene Carvalho considera desejável que se tentem manter algumas rotinas, ainda que isso “não assegure que as pessoas não vivam a situação com grande ansiedade, frustração e desgaste”. Para Miguel Ricou, manter as rotinas é importante, primeiro porque “ajuda a gerir o tempo” e, depois, porque “nos distraem de nós próprios”. Já Inês Guimarães salienta a importância de se manter uma “conexão com os outros”, sejam amigos ou familiares.
Fonte: tsf.pt