Documento recentemente publicado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), intitulado Relatório do Custo do Stresse e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho em Portugal, alerta para as expressivas quebras de produtividade decorrentes do stress e dos problemas psicológicos em contexto laboral.
O relatório enfatiza que os custos associados a essas quebras subiram 60% entre 2020 e 2022. Em 2020, esses custos tinham sido de 3,2 mil milhões de euros.
Segundo a OPP, “os Riscos Psicossociais e a falta de Saúde Psicológica no trabalho não têm apenas um custo humano enorme, mas também um impacto imenso na sociedade e na economia. A perda de produtividade devida ao absentismo e ao presentismo causados por stresse e problemas de Saúde Psicológica pode custar às empresas portuguesas até €5,3 mil milhões por ano (o equivalente ao que o governo gastou em 2021 em medidas para mitigar os impactos da pandemia COVID-19), uma vez que se estima que, em Portugal, os/as trabalhadores/as faltem, devido ao stresse e a problemas de Saúde Psicológica até 8 dias por ano e o presentismo possa ir até 15,8 dias. É de notar que este cálculo refere-se apenas a custos indirectos. Os custos directos do stresse e problemas de Saúde Psicológica no trabalho não estão contabilizados, bem como diversos Riscos Psicossociais (tais como os conflitos laborais)”.

Quanto ao impacto e custos dos riscos psicossociais, eis a seguir a íntegra do que expõe o relatório.
“A investigação científica demonstra amplamente os efeitos adversos dos Riscos Psicossociais e dos problemas de Saúde Psicológica para as organizações nomeadamente no que diz respeito: À diminuição da motivação, desempenho e produtividade; do compromisso dos trabalhadores e das trabalhadoras com a organização e o trabalho; da imagem e reputação positivas da organização. Ao aumento do absentismo, presentismo e dos custos de saúde. Ao aumento dos conflitos no trabalho (os/ as trabalhadores/as perdem, em média, um dia por mês a lidar com estes conflitos), dos acidentes por erro humano, da rotatividade das/os trabalhadoras/es e intenção de sair da organização. Em 2022, a Organização Mundial de Saúde avançou que, a nível global, cerca de 15% das pessoas adultas em idade activa vão ter um problema de Saúde Psicológica em algum momento das suas vidas. A estimativa do custo dos problemas de Saúde Psicológica para a economia global é de um trilião de euros (WHO, 2022). Em Portugal, os problemas de Saúde Psicológica mais comuns (stresse, depressão ou ansiedade) afectaram quase dois em cada cinco trabalhadores/ as (33%) no último ano devido ao trabalho, uma prevalência acima da média da União Europeia (27%) (Eurobarómetro, 2022)”.

Diante desta realidade, o documento enuncia que “promover a Saúde Psicológica e o bem-estar é assegurar condições base para o trabalho, é garantir que as pessoas estão integradas nos seus locais de trabalhos e na sociedade, e se sentem cooperantes, produtivas e realizadas”.
Para a Ordem dos Psicólogos, “o sucesso e a sustentabilidade das organizações passam imperiosamente pelo investimento na construção de locais de trabalho saudáveis, criadores de saúde psicológica e bem-estar, nomeadamente através da avaliação, prevenção e intervenção nos riscos psicossociais que afetam o trabalho e os trabalhadores”.
Fonte: Ordem dos Psicólogos Portugueses (2023). Prosperidade e Sustentabilidade das Organizações – Relatório do Custo do Stresse e dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho, em Portugal. Lisboa.