Os pensamentos relacionados ao trabalho, no período em que se está fora do trabalho, vêm sendo exaustivamente estudados pela Psicologia e pelas demais ciências que tratam da saúde laboral, posto ser este crescente fenômeno uma das principais causas do estresse ocupacional prolongado.
Estudo publicado por pesquisadores alemães, em feveriro de 2023, no periódico científico International Journal of Environmental Research and Public Health, sob o título “Too Committed to Switch Off—Capturing and Organizing the Full Range of Work-Related Rumination from Detachment to Overcommitment” (Comprometido demais para desligar – capturando e organizando toda a gama de ruminações relacionadas ao trabalho, do desapego ao supercomprometimento), indica que “a irritação emocional e a ruminação afetiva surgem como os preditores únicos mais fortes de fadiga, esgotamento, queixas psicossomáticas e [in]satisfação com a vida”.
Clique aqui: https://doi.org/10.3390/ijerph20043573 para ter acesso ao conteúdo completo da pesquisa, em lingua inglesa.

Quando o trabalho tira o sono
Muitas vezes, o excesso de preocupação, por não conseguir desligar-se dos pensamentos relacionados ao trabalho, nos sequestra a ponto de já não mais conseguirmos recarregar nossas energias.
Matéria veiculada pelo jornal The New York Times, em sua edição da última quinta-feira, dia 20/07, traz várias dicas para aqueles que não param de pensar no trabalho o tempo todo, especialmente para aqueles que não conseguem dormir por conta dele.
A ruminação sobre prazos e metas a cumprir, tarefas inacabadas, lembranças de reuniões bem ou mal sucedidas e toda uma miríade de perturbações reincidentes… tudo isso insiste em desafiar o relógio, surgindo nos momentos mais inoportunos, drenando impositivamente nossa atenção durante um trajeto, quando estamos com familiares ou amigos, ou até quando sozinhos no meio da noite.
Na matéria jornalística referida acima, o psicólogo norteamericano Guy Winch, autor do livro “Emocional First Aids” (Primeiros Socorros Emocionais) e coapresentador do podcast “Dear Therapists” (Caros Terapeutas), sugere algumas técnicas reconhecidamente eficazes para lidar com o problema.
Dicas importantes
- Mantenha um diário de ruminação no qual você anote quanto tempo se dedica a mastigar questões de trabalho a cada semana. Segundo o Dr. Winch, “o tempo voa quando você está ruminando”. Afirmou que seus pacientes ruminavam de 10 a 15 horas por semana. Ele diz ser útil pensar neste tempo como horas extras pelas quais você não está sendo pago.
- Defina clara e rigorosamente o limite quando o seu dia de trabalho terminar. O uso de um ritual de transição do emprego para casa pode ajudar. Trocando suas roupas, ouvindo música ou dando um passeio. O psicólogo afirma que fazer isso não apenas ergue um limite psicológico, mas também pode nos tornar mais propensos a usar esse tempo para descansar ou se conectar com as pessoas na vida real.”
- Desligue as notificações dos aplicativos de mensagens em dos e-mails de trabalho após uma determinada hora. Se precisar verificá-los, faça-o em um horário designado. E ative um cronômetro, para que você não gaste o resto da noite respondendo às mensagens.
- Pratique atividades que recarreguem suas energias. “Aprenda a diferença entre desconectar e recarregar”, diz o Dr. Winch, “…uma atividade de recarga deixa você se sentindo energizado mentalmente e satisfeito consigo mesmo por fazê-lo. Isso pode incluir atividades como malhar, fazer artesanato ou meditação.
- Procure distrair-se. Se necessário, recorra a jogos que requeiram foco: passatempos como quebra-cabeças ou palavras cruzadas. Nosso conselheiro orienta que “se for no meio da noite, tente um exercício de memória, como nomear todos os professores que você pode se lembrar do jardim de infância”.
FONTES:
- MDPI Multidisciplinary Digital Publishing Institute (mdpi.com) IJERPH | Full Text | Too Committed to Switch…, em 17/02/2023
- The New York Times, Caderno Well, em 20/07/2023