O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) está prestes a apresentar, à recém-designada ministra da Saúde, o parecer que recomenda a formulação de políticas públicas que regulem o uso de substâncias psicadélicas de maneira supervisionada por profissionais clínicos.
O parecer emitido pelo Conselho Nacional para a Ética e as Ciências da Vida parte do princípio fundamental de que é crucial distinguir entre os benefícios e os riscos associados ao uso de psicadélicos. Embora o consumo dessas substâncias para fins recreativos represente perigos, seria um equívoco negligenciar as evidências científicas que demonstram os potenciais benefícios terapêuticos, desde que administrados com acompanhamento médico adequado.
Maria do Céu Neves, presidente do CNECV, ressalta que as substâncias psicadélicas ainda são amplamente consideradas drogas de alto potencial de dependência, o que resulta em uma forte restrição tanto a nível nacional quanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), limitando assim o acesso aos possíveis benefícios terapêuticos.
O debate em torno dos psicadélicos, seja para uso recreativo ou terapêutico, tem impulsionado uma crescente demanda por essas substâncias no mercado negro. É fácil encontrar clínicas em Portugal, através de uma simples pesquisa na internet, que prometem tratar problemas psicológicos utilizando psicadélicos. Muitas vezes, esses tratamentos são experimentais, realizados em uma lacuna legal que dificulta a fiscalização e contribui para a falta de informação sobre os riscos e benefícios associados.
É importante ressaltar que os psicadélicos afetam o funcionamento do cérebro e podem induzir alterações na consciência. De acordo com o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, essas substâncias podem causar desorganização mental e, em última análise, levar à formação de memórias falsas.