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Como reduzir o risco de seu filho desenvolver vícios

“Um forte senso de autoeficácia é um dos fatores de proteção mais poderosos que os pais podem dar aos filhos.”

Jessica Lahey, redatora para o The New York Times, narrou sua experiência pessoal em um artigo de extrema importância sobre vícios entre os jovens publicado esta última semana. Lahey conta sobre a transformação que ocorreu na sua vida a partir do momento em que teve filhos, e quando decidiu deixar de consumir álcool e criar novos hábitos para proteger seus dois filhos das tendências genéticas e riscos ambientais de desenvolverem o vício.

Até o dia em que a família teve de mudar de estado em função de uma oportunidade de trabalho, abrindo assim uma brecha para novos problemas, principalmente para o filho mais novo. Finn, de 14 anos, iria vivenciar uma transição física e emocional estressante que estava fora do seu alcance: estar em um estado com leis permissivas para a cannabis, romper laços antigos e ter que fazer novas amizades.

De acordo com todas as pesquisas sobre risco de transtorno por uso de substâncias, a mudança é um potencial gatilho. Então, Jessica teria agora a missão de ajudar a restaurar o senso de controle, ação e esperança de Finn, construindo seu senso de autoeficácia.

A autoeficácia, conforme definida pelo psicólogo Albert Bandura, é a crença na capacidade de ter sucesso para regular os próprios pensamentos, emoções e vida, assim como para enfrentar os desafios de uma forma positiva. A autoeficácia também é a base para muitos outros traços positivos, incluindo resiliência, coragem e perseverança. A autoeficácia é o que dá às crianças um senso de controle e esperança, mesmo quando o mundo ao seu redor parece fora de controle.

Pessoas com um senso fraco de autoeficácia, por outro lado, tendem a ser pessimistas, inflexíveis e a desistir rapidamente. Têm baixa autoestima, exibem desamparo aprendido, ficam deprimidas e se sentem fatalistas e sem esperança. Não por coincidência, as pessoas que exibem essas características são mais propensas a recorrer às drogas e ao álcool para aliviar esses sentimentos negativos.

Algumas maneiras práticas pelas quais os pais podem impulsionar as percepções dos filhos sobre sua própria autoeficácia e ajudar as crianças com baixa autoeficácia a voltar ao caminho certo sugeridas por Jessica:

• Comece com você mesmo.

Modele a autoeficácia para seus filhos. Comece a questionar suas próprias afirmações de “Não posso” com “Ainda não posso” e, em seguida, volte essa perspetiva para fora, para seus filhos. Isso ajuda as crianças a acreditarem que competência não é congênita, é aprendida e muitas vezes conquistada duramente.

• Dê habilidades às crianças.

Dê às crianças tarefas adequadas à idade. Tarefas que as ajudem a manter-se engajadas e desafiadas, ao mesmo tempo em que concedem oportunidades de provar seu sucesso.

• Projeto otimismo.

O otimismo é mais do que apenas ver um copo meio cheio; é uma mentalidade que tem um impacto muito real na saúde física e mental. É muito importante que você dê um exemplo de otimismo para seus filhos como um primeiro passo.

• Faça com que falhas sejam específicas, mas generalize o sucesso. Guie as crianças para o otimismo enquadrando seu sucesso da forma mais geral possível.

• Seja específico em seu elogio.

Elogios gerais, como “Bom trabalho!” são inúteis quando se trata de estimular a autoeficácia em crianças, porque não têm um significado real. Procure elogios específicos de comportamento que reforcem as práticas que você deseja encorajar.

• Não exagere com seus elogios.

Os especialistas no uso de elogios específicos de comportamento em sala de aula recomendam uma proporção de elogio para correção de 3:1 ou 4:1. Pesquisas mostram que isso não apenas estimula o bom comportamento, mas também cria um senso de comunidade e positividade que ajuda as crianças a ouvir nossas críticas construtivas quando elas inevitavelmente acontecem.

A crença na autoeficácia, o Dr. Bandura escreve em seu livro “Self- Efficacy: The Exercise of Control,” é “a base da motivação humana, bem estar e realizações.”

Neste momento singular e delicado que a humanidade vem passando, muitos procuram refúgio em diversas substâncias para um alívio efêmero desta difícil realidade que vivemos,. Por isso, é muito importante que mantenhamos um acompanhamento de perto da vida física e emocional dos mais próximos, mas principalmente dos mais jovens que ainda seguem buscando compreender seu lugar na vida. 

FONTE: Artigo adaptado da publicação feita pelo The New York Times, no Caderno de Família, a partir de conteúdo extraído do livro “The Addiction Inoculation” (A inoculação do Vício), de autoria de Jessica Lahey.

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Redação TVPsi
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